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Por que a nossa memória falha? Entenda o que acontece no seu cérebro

  • Foto do escritor: Henrique Dias Psi
    Henrique Dias Psi
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura

Milhões de pessoas enfrentam dificuldades para acessar informações armazenadas no cérebro, especialmente após os 40 anos. Esquecer onde deixou as chaves, perder o fio da meada durante uma conversa ou demorar para lembrar o nome daquele pessoa, são pequenos lapsos de memória que tornam-se cada vez mais frequentes.


Já aconteceu com você?


Mas afinal, o que acontece dentro da nossa mente que dificulta tanto o acesso à memória? Existe algo que podemos fazer para reverter ou retardar esse processo?



Mudanças estruturais que afetam a memória


A medida que os anos passam, a capacidade de formar, armazenar e recuperar informações do nosso cérebro é impactada em decorrência à diferentes fatores naturais.


O envelhecimento promove perda gradual de neurônios e diminuição do volume cerebral. As regiões mais afetadas incluem os lobos frontal e temporal, áreas fundamentais para memória, raciocínio e tomada de decisões. Essa redução volumétrica não significa necessariamente deterioração cognitiva severa, mas representa menor capacidade de processamento de informações complexas.


A produção de neurotransmissores essenciais bem como a dopamina, que está relacionada à motivação e recompensa, a serotonina, ligada ao humor e bem-estar, e principalmente a acetilcolina, crucial para atenção e formação de memórias, sofrem reduções que interferem em nossa capacidade cognitiva.


Mecanismos do esquecimento: Como o cérebro processa e perde informações


São três as etapas fundamentais da formação da memória: Primeiro, ocorre a codificação, quando o cérebro registra uma nova informação. Em seguida, vem o armazenamento, período em que essa informação é consolidada através de síntese proteica no hipocampo, processo que pode levar até 48 horas. Por fim, acontece a recuperação, momento em que acessamos a informação guardada.


O esquecimento pode ocorrer em qualquer ponto desse processo. Quando não prestamos atenção suficiente durante a codificação, a informação nunca chega a ser registrada adequadamente. Se o armazenamento é interrompido por falta de sono ou estresse, a memória não se consolida. E mesmo quando bem armazenada, a informação pode tornar-se difícil de recuperar devido a interferências ou falta de pistas adequadas.


O esquecimento também possui um papel fundamental


Pesquisas recentes revelam que esquecer não é apenas uma “falha do sistema”, mas parte essencial de um cérebro saudável. O cérebro precisa esquecer detalhes irrelevantes para concentrar-se nas informações que realmente ajudam na tomada de decisões eficientes.


Afinal, quanto mais tempo vivemos, mais experiências acumulamos e mais temos de nos lembrar, e experiências com muito em comum podem se tornar complicadas de separar na memória.


Com o envelhecimento, ocorre um declínio natural do funcionamento cerebral e pequenos lapsos, tais como demorar mais tempo para lembrar o nome de alguém, esquecer onde colocou um objeto ou ter dificuldade para aprender novas tecnologias são considerados normais. Ao contrário de pessoas com demência, a capacidade de executar atividades diárias ou de pensar não está comprometida.


O Neurofeedback como um tratamento para retardar o envelhecimento cerebral


Experimentos com idosos saudáveis mostraram que o treinamento com neurofeedback melhorou a memória em participantes saudáveis e não saudáveis, principalmente quando as frequências teta e ritmo sensoriomotor (SMR) foram treinadas.


Um estudo controlado com pacientes diagnosticados com comprometimento cognitivo leve (CCL), publicado por Lavy et al. (2021) no periódico Frontiers in Aging Neuroscience, revelou melhora significativa nos escores de memória após o treinamento. O escore médio normalizado aumentou de 89,76 pontos para 101,25 pontos, atingindo a média esperada para população saudável pareada por idade e nível educacional, sugerindo que esse protocolo é uma intervenção eficaz no envelhecimento cognitivo.


O neurofeedback atua facilitando a reorganização dos padrões cerebrais, otimizando o funcionamento das áreas preservadas e ajudando o indivíduo a compensar perdas naturais das funções cognitivas. Ao estimular a formação de redes neurais alternativas e reforçar habilidades cognitivas ainda íntegras, o tratamento pode atrasar o declínio típico causado pela idade.


Embora seja uma ferramenta científica poderosa, a preservação da saúde cognitiva exige abordagem multifatorial. Exercícios aeróbicos regulares aumentam a oxigenação cerebral e estimulam a neurogênese. Alimentação rica em nutrientes fornece matéria-prima para manutenção das estruturas cerebrais. Desafios cognitivos variados, como aprender novos idiomas ou instrumentos musicais, mantêm o cérebro engajado e formando novas conexões.



Para acessar o artigo original citado:

Lavy Y, Dwolatzky T, Kaplan Z, Guez J, Todder D. Mild Cognitive Impairment and Neurofeedback: A Randomized Controlled Trial. Front Aging Neurosci. 2021 Jun 14;13:657646. doi: 10.3389/fnagi.2021.657646. PMID: 34194315; PMCID: PMC8236892.


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