Por que os vícios se instalam tão facilmente?
- Henrique Dias Psi

- 6 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de jul.
Vícios nem sempre se apresentam de forma inesperada. Muitas vezes começam pequenos e discretos, como um alívio no fim do dia, uma distração no meio do caos, um escape silencioso. Quando percebemos, já se tornaram parte da rotina, da identidade e até da forma como tentamos lidar com a vida.
A dependência, nesse contexto, é mais do que a busca por prazer. Ela é marcada por uma dificuldade real em resistir ao impulso de repetir determinado comportamento, mesmo quando a pessoa já compreende que aquilo lhe causa prejuízos. Há, normalmente, um sentimento de tensão antes da ação, seguido de um certo alívio ou prazer, e logo depois o ciclo recomeça.
Esse padrão se firma porque o cérebro aprende a buscar aquele comportamento como uma forma de compensação. Isso altera, inclusive, a química cerebral, reforçando ainda mais a repetição. E quanto mais repetimos, mais automático o comportamento se torna.
É por isso que muitas pessoas, mesmo conscientes do prejuízo, sentem dificuldade em parar. Elas tentam, se frustram, e muitas vezes se culpam por não conseguir. Isso gera ainda mais dor, que por sua vez leva de novo ao vício. É como um círculo vicioso que se alimenta do próprio sofrimento.

Mas não são apenas os comportamentos que se repetem. As crenças também. Muitos pacientes compartilham pensamentos como “eu não consigo viver sem isso”, “só mais uma vez não vai fazer mal”, “ninguém entende o que eu estou passando”. São ideias distorcidas, muitas vezes inconscientes, mas que moldam a forma como a pessoa se vê, age e sente. Elas reforçam a sensação de fracasso, isolamento e impotência — e dificultam a busca por ajuda.
Essas crenças, em geral, são construídas ao longo da vida. Experiências traumáticas, ambientes familiares desorganizados, reforços culturais e sociais... tudo isso influencia os caminhos que o cérebro aprende a seguir. E uma vez que esses caminhos se tornam habituais, o comportamento compulsivo se instala.
Mas existe saída. E ela começa com o reconhecimento de que o vício não é uma falha moral — é um padrão aprendido e, portanto, passível de mudança.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das ferramentas mais eficazes nesse processo. Ela atua justamente no reconhecimento desses pensamentos disfuncionais e na substituição por crenças mais adaptativas. Associada a treinamentos como o Neurofeedback — que intervém diretamente nos padrões cerebrais —, é possível criar um novo repertório de respostas emocionais e comportamentais.
Trata-se de um processo. Um caminho de reeducação emocional e mental. Mas é possível. Porque o cérebro pode aprender novos caminhos. E quando esse aprendizado é guiado com ciência, sensibilidade e com a presença do eu, ele se transforma em libertação.
Gostou deste conteúdo?
Deixe seu comentário e me mande suas dúvidas, será um prazer lhe responder e fazer mais textos como este.
.png)


Comentários